Jan 27, 2009

Diário Israel-Palestina 5

(© Olivier Laban-Mattei/AFP)


A enfermeira que esteve em Sabra e Chatila e está chocada com Gaza

Louise Norman ainda mal acredita que os israelitas a deixaram entrar em Gaza. Sexta-feira, quando finalmente o checkpoint abriu à circulação de jornalistas estrangeiros após semanas de bloqueio, esta enfermeira sueca tentou a sua sorte, sem levar sequer a escova de dentes. E de repente deu por si do outro lado, de volta a amigos que não via há anos, como o psiquiatra palestiniano Eyad Sarraj.

O quotidiano de Louise é em Estocolmo, onde trabalha entre um hospital e o resgate de emergência em helicóptero. Mas aos 55 anos, com quatro filhos já grandes, ofereceu-se para uma temporada em Hebron, uma das cidades palestinianas sempre mais tensas, devido à presença de colonos religiosos protegidos por soldados.

Segunda-feira lá estará, em Hebron, na Cisjordânia, mas até lá está a ver o que aconteceu em Gaza. Quando o PÚBLICO a encontrou, a primeira coisa que Louise disse foi: “Isto faz-me lembrar tanto Sabra e Chatila.”

Em Agosto de 1982, durante a invasão israelita do Líbano, Louise aterrou em Beirute para trabalhar com a igreja sueca no campo de refugiados de Sabra. “Fiquei até ao Natal.” O que significa que estava lá durante os três dias de Setembro em que o exército israelita, que cercava os campos de Sabra e Chatila, permitiu que as milícias cristãs libanesas entrassem e massacrassem centenas de palestinianos – os números são disputados até hoje, entre 800 e 3500.

Louise passou esses dias dentro do hospital de Sabra, que nessa altura por caso se chamava Gaza Hospital. Ouviu as metralhadoras e os gritos. Quando pôde sair, viu os cadáveres.

E aqui em Gaza, o que viu? “A destruição total. Algumas partes parecem ter sido derrubadas por um tremor de terra. Mas o que me lembra mais Sabra e Chatila é que aqui está uma população civil que não tem para onde ir. Estão cercados.”

Mais de 25 anos depois do que aconteceu no Líbano, diz Louise, não se avançou. “Estamos em 2009 e isto não devia acontecer. É uma vergonha para a humanidade. A pior coisa é sentir-me tão envergonhada de ser parte da dita comunidade internacional e ninguém parar isto.”

A.L.C., em Gaza

5 comments:

Anonymous said...

Irá, certamente, ddicar algumas das suas palavras ao atentado cometido pelos habitantes de Gaza contra habitantes de Isarel e que rompeu o cessar-fogo... outra coisa não será de esperar de quem apenas quer ver a verdade e não demonizar quem é demonizado pelos primeiros...

quink644 said...

http://porquemedizem.blogspot.com/2009/01/estupidez-pode-ser-crime.html#links

Anonymous said...

Os Palestinianos livremente ou de forma condicionada pelo medo escolhem e apoiam os seus representamtes, logo de forma justa ou injusta são co-responsáveis por decisões dos seus dirigentes.
Ora os líderes do chamado povo palestiniano, cuja a historia ninguem conhece apenas argumenta que os palestinianos são os habitantes do território que o Império Romano denominou Palestiana, mas forcosamente temos que tambem incluir os judeus que sempre habitaram essa Terra Prometida, decidiram desde sempre mesmo antes de 1948, ver os massacres dos anos vinte em Hebron e em Tsfat, por desejar e fazer a guerra com o objectivo de empurrar os judeus para o mar e destruir o Estado de Israel. A história diz-nos que perdram todas as guerras e apenas ofereceram a destruição ao seu próprio povo. E acho que por este andar os palestinianos jamais vão ter um Estado naquela Terra se insistirem em apoiar representantes que jamais teriam cultura politica e cívica para constituir um qualquer Estado mesmo que ligeiramente democratico. Os Palestinianos são representados por um grupo terrorista chamado Hamas, alguem imagina este grupo a dirigir algum Estado ou alguem imagina viver num Estado dirigido por estas pessoas ou mesmo imaginar ter como vizinhos esta gente do Hamas...

Anonymous said...

Anónimo: pode ser do seu interesse escrever sem saber do que fala, mas fica mal escrever sem ler do que está a escrever. Veja a notícia aqui em baixo sobre a criança que levou um tiro na cabeça a 22 de Janeiro. Sabia que 22 é anterior a 27? Sabia dos camponeses mortos também? Para si criança palestiniana não conta para quebar "cessar fogo"? O outro cessar fogo foi quebrado pelos foguetes do Hamas em Dezembro, e os 6 palestinianos assassinados a 4 de Novembro também não contam? Veja o Público dessa altura. Amilcar

Carlos Azevedo said...

Esperemos que os comentários não desçam ao nível dos que normalmente se podem ler no site do PUBLICO.

Senão estamos prestes a chegar ao ponto de culpas do Sócrates neste processo ou ainda aparece alguém a dizer que Gaza é ao lado de Alcochete e que não foi alvo de processo de avaliação ambiental, daí a guerra.

A Alexandra não merece isso, mesmo que o PUBLICO mereça.