Feb 11, 2009

Tzipi Livni ganha mas Bibi Netanyahu poderá ser o primeiro-ministro

O bloco de direita bateu o bloco de esquerda. Kadima e Likud dizem que podem formar governo. Lieberman foi o terceiro e trabalhistas sofreram uma grande queda

Alexandra Lucas Coelho, em Jerusalém


Tzipi Livni fez o pleno. A líder do Kadima apareceu como vencedora das eleições israelitas em todas as projecções à boca das urnas. Mas como o bloco da direita terá conseguido mais votos, aumentando o número de deputados, Benjamin (Bibi) Netanyahu, o líder do Likud, poderá ter mais facilidade em formar uma coligação. Livni ganhou e Bibi perdeu, mas é possível que seja este último o primeiro-ministro.Para um Parlamento com 120 deputados, as projecções das televisões israelitas deram entre 29 e 30 lugares a Livni e entre 27 e 28 a Bibi.

Avigdor Lieberman confirmou o Yisrael Beyteinu como a terceira força, com 14 a 15 deputados, embora não tenha subido tanto como as últimas sondagens previram.

Em quarto lugar, confirmando uma clara decadência, os trabalhistas liderados por Ehud Barak apareciam com uns meros 13 deputados.Em quinto, os ultra-ortodoxos sefarditas do Shas (9 a 10 deputados). E os restantes lugares dividiam-se entre partidos pequenos como o Meretz (esquerda, também em baixa, 4 deputados), o Hadash (árabe-judeu, comunista, 4), o Ta'al (árabe, 3) e outros partidos judeus religiosos e árabes.

Tudo isto somado, nas contas do jornal Ha'aretz, o bloco da direita (Likud, Lieberman, Shas e outros religiosos) somava 63-64 lugares, enquanto o bloco da esquerda (Kadima, Trabalhistas, Meretz, Hadash, partidos árabes) ficaria pelos 56-57.

A decisão do Presidente
No sistema israelita, cabe agora aos partidos recomendarem um nome ao Presidente, e Shimon Peres deverá convidar o líder que tiver mais condições para assegurar um governo estável. Netanyahu apressou-se a divulgar um comunicado em que apelava a "todos os partidos do campo nacional para se unirem sob um governo" liderado pelo Likud e anunciava que se virará para os partidos sionistas para formar "um governo de unidade nacional tão abrangente quanto possível".

O chefe de campanha de Livni disse que ela poderá formar um governo de unidade nacional, que incluísse o Likud e os trabalhistas, e um membro forte do partido, a presidente do Parlamento, Dalia Itzik, declarou que Livni "será a próxima primeira-ministra".

"Dado que todas as previsões a dão como vencedora, é de confiar que Livni seja a vencedora", disse ao PÚBLICO Itzhak Galnoor, politólogo e investigador no Instituto Van Leer. "Isso significa que ela conseguiu reter os deputados que o Kadima tinha e talvez ganhar um. E Bibi agora vai ter problemas no seu partido, porque se esperava que vencesse, e mesmo que seja ele a tentar formar a coligação, não vai aparecer nas negociações com tanta força como se tivesse sido o primeiro na votação.

"Este analista destaca "a grande queda dos trabalhistas, de toda a esquerda", que "perdeu votos para o Kadima". Livni terá ganho o primeiro lugar à custa não de votos do centro direita mas de votos da esquerda.

A surpresa árabe
E "outra surpresa" é o voto árabe. "Parece que os três partidos árabes juntos vão ter 10 deputados no Knesset [Parlamento], que é o que têm agora, quando toda a gente esperava que baixassem, por causa do boicote." A guerra de Gaza levou dois partidos árabes israelitas a apelarem ao boicote nas urnas.

Esta participação será também uma resposta a Avigdor Lieberman, o líder da extrema-direita que construiu toda a sua campanha com o lema "Sem lealdade não há cidadania" - o que se traduz na proposta de que os árabes israelitas façam uma declaração de lealdade ao Estado ou percam direitos cívicos, como votar.

"Mas Lieberman conseguiu apenas 15 deputados", ressalva Galnoor. "É verdade que subiu, passou dos 11 deputados para 15, mas não duplicou nem teve os 20 lugares de que se falou.

"Avi Bareli, professor de Ciência Política na Universidade Ben Gurion, também dava como muito provável que fosse Benjamin Netanyahu a formar governo. "O bloco da direita é claramente maior." E se Avigdor Lieberman resolver recomendar Tzipi Livni a Shimon Peres? Nesse caso, Livni passaria a ter mais 15 deputados no seu bloco. "Lieberman não vai fazer isso, seria suicídio", descarta este analista. Porque Liberman e trabalhistas teriam muitas dificuldades em trabalhar juntos, e os trabalhistas são um parceiro natural de Livni.

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